A propaganda estimula o consumo. Certo? Mas, em tempos onde a experiência do consumidor reina, não faz mais sentido empurrar sua propaganda goela abaixo.

Isso deveria ser regra entre os anunciantes, mas tem passado desapercebido. Para falar a verdade, nunca se enviou tanto e-mail de marketing sem permissão, pop-ups pipocando nas redes sociais, e bombardeios de anúncios via whatsapp de marcas e produtos que não desejamos consumir.

Segundo o CONAR – Conselho Nacional de Auto Regulação Publicitária, “Nenhum anúncio deve favorecer ou estimular qualquer espécie de ofensa, discriminação racial, social ou religiosa…” (…) “O anúncio não deve conter informação de texto ou apresentação visual direta e indireta, por implicação, omissão, exagero ou ambiguidade, que leve o consumidor a engano quanto ao produto anunciado.”

E, por mais que esta regra faça sentido, não é o que vivenciamos hoje em dia. Ou vai dizer que não recebeu anúncio digital esta semana? Justamente nos tempos de hiperconexão, a propaganda se aproveita da chance de ser onipresente de forma digital e nos sufoca com anúncios, promoções e influenciadores desnecessários.

Saiba que a empresa de mídia que mais fatura no mundo é o Google, que não cobra de você o anúncio quando faz a busca, mas cobra do anunciante para estar ali. Nada contra a Google, pelo contrário, uma empresa que faturou 75 bilhões de dólares em 2016 merece respeito.

O que não dá é para entrar na conversa de que eles utilizam a relevância para oferecer anúncios a você do que você mesmo procurou. Então, uma casa com 4 pessoas que utilizam o mesmo computador e faz buscas distintas consegue distinguir quem faz essa ou aquela escolha, e usa o computador para apresentar a oferta? Ahh, váaaa!

Não quer mais receber toneladas de anúncios na Internet, use um adblock. As ferramentas que bloqueiam as propagandas na sua tela parecem ser a salvação, mas não são.

Isso porque a tecnologia que cria alternativas também as destrói. E muitos sites detectam que você esta usando um adblock e solicitam que o desinstale para continuar a navegar.

Há quem diga que vale a pena denunciar e cancelar assinaturas de e-mails que não solicitou, bloquear número de whatsapp que te enviam toneladas de mensagens indesejadas.

Ainda que eu lhe pareça uma emburrada digital, avalie se tudo o que é empurrado de propaganda a você é o que realmente deseja consumir ou tem relevância na sua vida.

Num dos momentos mais competitivos para a publicidade mundial, as marcas estão se esquecendo de que captar clientes utilizando a tecnologia é regra, o que não, é o sufocamento digital proporcionado por anúncios que não prestamos atenção. E o que deveria encantar, espanta.

O mercado não está conseguindo perceber que, para fazer sentido, tem que fazer o básico: atrair clientes, e não espantar pessoas. A hashtag clichê é mais valida do que nunca, fica a dica!

Por: Maria Augusta Ribeiro. Especialista em Netnografia e comportamento digital.

 

https://belicosa.com.br/infobesidade-sobrecarregados-de-informacao/

https://portal.clientesa.com.br/cliente-sa/a-infobesidade-e-o-poder-da-mente/







Saiba mais sobre
Comportamento Digital

Conteúdo especializado produzido por
Maria Augusta Ribeiro

Leia também



nomofobia

Nomofobia: A Epidemia do Medo de Ficar Desconectado

Porque as pessoas tem medo de se desconectar

cidades inteligentes

Cidades Inteligentes e Habitantes Exaustos

A Dicotomia Entre Conexão e Saúde