Em tempos onde o smartphone é a única coisa que importa para as relações modernas, pais e filhos não se entendem e acabam por desencadear hábitos que, em vez de conectar, afastam. Mas, será que o comportamento dos mais maduros não é o culpado por tanta discórdia?

A menos que você e sua família vivam na ilha de Gilli na Indonésia, onde não há sinal de internet, é melhor vocês se esforçarem e em conjunto, buscar interesses comuns para interagir no real e no virtual.

Não dá mais para os pais ficarem colocando a culpa na tecnologia para a falta de disposição dos mais velhos em se adequar aos jovens e vice-versa. Canso de ouvir que a internet é algo nocivo, o que não é verdade.

Internet, tecnologia e conectividade são ótimos. E não podemos mais colocar a culpa no telefone pela falta de tempo que você não dá ao seu filho.

Boa vontade, persistência, e uma dose generosa de carinho serão essenciais no início para interagir. E não tenha medo de perguntar o que não sabe aos mais novos, e nem medo de aprender. Certamente, assuntos tecnológicos são a praia de gerações mais moderninhas.

Pode ser para falar de política, artes ou do youtuber novo. Mas, arrumem assuntos de gerem interesse mútuo, e somente depois, adicionem os dispositivos móveis à conversa.

Descubram as coisas em conjunto. Pode ser um game, um vídeo engraçado ou um streaming de música. O negócio é fazer tudo como um time, em que um depende do outro para vencer.

A base da interatividade é a confiança. E aplicativos para rastrear onde seu filho está, bloqueios na senha da internet, ou espionar as conversas dele no Whatsapp não vão ajudá-lo a descobrir interesses comuns. O máximo que vai gerar é a sua exclusão desse universo. E aíííí, senhores pais, não tem santo que te ajude a resgatar a confiança de um vigilância que foi desnecessária  aos olhos deles.

Dedique tempo de verdade ao seu filho. Se combinar que tem 15 minutos por dia somente para vocês, esqueça os grupos de Whatsapp, de responder os e-mails do trabalho, ou de assistir sua serie favorita no Netflix.

Em outros tempos, somente os mais velhos exerciam sobre os mais novos o direito de ensinar algo. Depois da internet, e com o nascimento dos digitais, isso mudou, e o aprendizado é continuo e mútuo.

As gerações mais novas somente interagem quando estabelecem relações de afinidade just in time. Você pode ser o pai dela, mas, se não tiverem nada para conversar, vai ser ignorado, e a internet será o caminho mais eficiente para interromper a conversa entre vocês.

Quando se reúnem em minha casa 3 gerações distintas para um almoço, por exemplo, o que acontece é, no máximo, uma selfie e depois deixamos de lado a tecnologia para nos dedicar uns ao outros em momentos que acabam em risada e muita conversa.

Pode ser que na sua casa esse hábito seja difícil, mas encontramos nas refeições um ambiente estéril onde podemos nos conectar ao real, usando o digital apenas como ferramenta e não mais como muleta para a falta de assunto. Já parou para pensar que seu filho interage mais com um smartphone porque você não brinca com ele, não lê uma história, nem conta uma piada e etc.?

Nada do que disser vai surtir efeito na vida de pais e filhos reclamões se eles não encontrarem no respeito a abertura para se conectar.

Recentemente um amigo me disse que conseguiu esta interação com seu filho através dos sites pornô. E eu disse Oiii? Ele me relatou a preocupação das bizarrices ligadas ao sexo que são compartilhadas nos whats entre os colegas de seu filho de 12 nos, então  ele decidiu que seria melhor se vissem algo juntos e debatessem isso depois para não gerar a falsa ideia de que sexo era algo sempre com mulheres siliconadas, caras fortes e poses de circo. E funcionou, o pai acessa o site o filho escolhe 3 videos de 5 minutos e debatem sobre sexualidade.

Por mais estranho que possa ser esta  alternativa, gerou resultado.  Numa paulada só matou a curiosidade do filho sobre sexo, debateu o que e legal e o que não é, criaram um grupo onde somente meninos são bem vindos e mais…. gerou aquela empatia que quando forem falar sobre sexo o que é tabu vira conhecimento.

Ser pai hoje em dia requer habilidades digitais e um pouco de malabarismo para ter a atenção dos filhos. Para isso, tente fazer as coisas em conjunto. Seja para compras online, acessarem novos sites ou assistir a vídeos.

Pais digitais são aqueles que conquistam seus filhos pelo merecimento, e buscam, sem vergonha, consultar o Google sempre que são surpreendidos com informações novas que fogem ao seu entendimento.

Uma experiência digital feliz começa no smartphone e termina com beijo e um abraço. Afinal, pais conectados aos filhos sempre terão atenção, carinho e amor, antes de qualquer tecnologia… Pense Nisso!

Por: Maria Augusta Ribeiro. Profissional da informação, especialista em Netnografia e Comportamento Digital

 

https://belicosa.com.br/perenes-olhando-atraves-das-geracoes/

https://www.unicesumar.edu.br/dado-schneider-destaca-necessidade-de-renovacao-profissional-no-seculo-xxi/







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