No mundo atual, as redes sociais desempenham um papel significativo em nosso cotidiano. Elas nos permitem compartilhar momentos, conectar com amigos outros e expressar nossas opiniões. No entanto, por trás dessa aparente liberdade, existe um fenômeno preocupante: a ditadura das curtidas.
A busca incessante por validação virtual por meio do número de curtidas tem se tornado uma forma de controle e ditadura em nossas interações nas redes sociais.
As curtidas, também conhecidas como “likes”, são uma das principais formas de feedback social nas redes sociais. Elas representam a aprovação ou aceitação de um post, foto ou comentário.
No entanto, o valor atribuído às curtidas foi inflacionado ao longo do tempo, transformando-se em uma medida de popularidade e até mesmo de valor pessoal. A ditadura das curtidas cria uma pressão constante para buscar validação virtual e moldar nossa imagem online de acordo com os padrões da sociedade digital.
Saude Mental Abalada
Essa busca frenética por curtidas tem um impacto significativo em nosso bem-estar emocional e mental. Muitos indivíduos passam a dedicar uma quantidade excessiva de tempo e energia nas redes sociais, preocupados com a quantidade de curtidas que suas postagens recebem. O número de curtidas pode se tornar um indicador de popularidade, beleza, inteligência ou relevância social. A falta de curtidas, por outro lado, pode levar a sentimentos de rejeição, inadequação e segregação digital.
A ditadura das curtidas também influencia a forma como nos comportamos e nos expressamos nas redes sociais. Muitos indivíduos estão dispostos a sacrificar sua autenticidade e verdadeira opinião para se encaixarem nas expectativas e receberem mais curtidas.
Isso pode levar à autopromoção excessiva, busca de atenção constante e até mesmo à disseminação de conteúdo inautêntico ou enganoso para obter curtidas e aprovação virtual. As redes sociais tornam-se um palco onde a popularidade é o objetivo principal, muitas vezes em detrimento da honestidade e da integridade.
Além disso, a ditadura das curtidas pode afetar nossas relações sociais e nossa capacidade de conexão genuína. As interações nas redes sociais são frequentemente baseadas em uma lógica de troca: “eu dou uma curtida no seu post, você dá uma curtida no meu”. Isso pode levar a relações superficiais, onde o objetivo é acumular curtidas em vez de construir relacionamentos significativos.
A qualidade e a profundidade das interações são frequentemente substituídas pela busca por validação virtual e popularidade efêmera.
Ok! Mas o que faço com essa quantidade de informação?
Para combater a ditadura das curtidas nas redes sociais, é fundamental cultivar uma mentalidade saudável em relação ao uso dessas plataformas. Devemos lembrar que nosso valor como indivíduos não está diretamente ligado ao número de curtidas que recebemos. É essencial reconhecer que a validação e a felicidade verdadeiras vêm de dentro, e não das redes sociais.
Em seu livro Mente afiada o neurocirurgião Sanjay Gupta diz que para ter um cérebro equilibrado e a saúde mental em dia é necessário de tempos em tempos fazer uma faxina nas redes sociais, nos e-mails e se manter-se off line pelo menos um período do dia.
Isso me faz lembrar do quanto é importante promover uma cultura de aceitação, empatia e apoio mútuo fora redes sociais. Ao invés de nos concentrarmos na quantidade de curtidas, devemos valorizar a qualidade das conexões que estabelecemos e o impacto positivo que podemos ter na vida dos outros.
As próprias plataformas de redes sociais também têm um papel a desempenhar na mitigação dessa ditadura das curtidas. Elas podem explorar formas de reduzir a ênfase na quantidade de curtidas, incentivando uma abordagem mais holística para medir a relevância e o valor das interações online. Introduzir recursos que promovam conteúdo autêntico e significativo, em vez de conteúdo que busca apenas obter curtidas, pode ajudar a criar uma experiência mais positiva nas redes sociais.
A ditadura das curtidas nas redes têm um impacto significativo em nossa saúde mental, comportamentos e relações sociais. Devemos questionar o valor que atribuímos às curtidas e buscar uma relação mais equilibrada e saudável com as redes sociais. É fundamental lembrar que nosso valor como indivíduos vai além da validação virtual e que a verdadeira conexão e felicidade são encontradas em experiências autênticas e relacionamentos significativos.
Aquele sorriso entre pai e filho, o abraço da amada ou mesmo o tempo de qualidade com os amigos precisa ter um valor maior do que o post que você faz e espera que as pessoas curtam. Pense Nisso!
Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia no Belicosa.com.br
https://belicosa.com.br/direito-a-desconexao-2/
Porque as pessoas tem medo de se desconectar