Você sabe reconhecer uma publicidade na internet? E seu filho? saiba porque o consumismo infantil na internet é influenciado por campanhas de marketing digital desenhadas de forma que o consumidor não consiga distinguir o que é publicidade de simples publicação.
Pode parecer bobagem, mas quantas vezes seu filho determinou uma compra de um produto novo porque você não sabia qual levar? Sabia que essa facilidade aparente pode transformar o que é habito em compulsão?
O acesso à internet alterou nossas experiências de consumo. Antes era preciso sair de casa para ir às compras, e se fosse com os filhos havia toda uma logística para isso acontecer.
Hoje, as facilidades do e-commerce projetaram um cenário feito com um click, não importando a idade de quem esteja realizando a compra, já que temos a mania de deixar nossos cartões de credito plugados na empresa que mais utilizamos.
Segundo estudos, cerca de 8% da população consumidora sofre de compulsão por compras, transformando a atividade de consumo em alerta social. E isso é devido ao uso de propagandas abusivas, produtos estimulados por impulso, ou indicados por influenciadores digitais.
Se nos adultos já é condição preocupante, imagine nas crianças? Se tem crianças em casa, é bom saber que elas são responsáveis por 83% das decisões de compra de tudo o que se consome no seu lar.
Existe um prazer genuíno em adquirir, seja para satisfazer nossas necessidades, sonho de consumo, ou mesmo uma carência. Mas, infelizmente, a publicidade se apodera de uma prática que leva crianças cada vez menores ao consumo ilimitado.
Da blogueira de moda ao bebê numa creche, todos estamos sendo levados ao consumo. Porém, este estímulo pode mascarar doenças e induzir à “vontade de comprar” desde cedo, sem necessidade.
Segundo o instituto Alana , crianças até os 12 anos não sabem diferenciar o que é propaganda do que é entretenimento.
E o que é de caráter comercial na internet se apodera dessa informação e burla a legislação que proíbe essa prática. Como? Em alguns canais infantis no YouTubecomeçaram a incluir, no início dos vídeos, um pequeno banner dizendo “contém promoção paga”. E como a criança não consegue diferenciar o caráter persuasivo da publicidade, ela é facilmente induzida a consumir determinados produtos e serviços.
Das propagandas com super-herói no detergente à animação contida em anúncios de medicamentos, tudo é estratégia para chamar a atenção das crianças e fazê-las consumir, e posteriormente, induzir os adultos também.
Os problemas gerados pelo estímulo ao consumo desde cedo são devastadores, e vão desde a compensação com brinquedos pela falta de tempo que os pais têm para os filhos, até o estimulo da puberdade precoce, obesidade e problemas ligados à tireoide.
Especialistas afirmam que crianças estão aptas a consumir desde os 9 meses de nascimento quando começam a diferenciar as formas, e que uma criança de 3 anos que consome apenas o que deseja tem 90 % de chances de ser um adulto despreparado psicologicamente.
A ideia de ter crianças de 3 anos sabendo diferenciar marcas de sabão em pó ou grifes de roupa é assustador, e a dica é barganhar. Substitua uma parte do tempo que seu filho fica no tablet por leitura de livros físicos, atividades que desenvolvam a criatividade e troca de experiências em conjunto, tipo “pais e filhos”.
Em ambiente controlado, as escolas podem fomentar grupos, competições e debates sobre o consumismo e temas relevantes, monitorando essas atividades para informar aos pais como seus filhos se sentem em relação à vontade de comprar.
Práticas de Gamification, aprendizado colaborativo, e muita interação familiar geram debate e balizam os pais a estabelecer regras para um consumo mais equilibrado, assim evitam a compulsão pelas compras nos pequenos e não geram impactos futuros na sociedade. Afinal de contas que filhos você quer deixar para o mundo?
Por: Maria Augusta Ribeiro. Profissional da informação, especialista em Netnografia e Comportamento Digital – Belicosa.com.br
leia também:
http://alana.org.br/project/crianca-e-consumo/
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