No mundo hiperconectado a informação é um recurso valioso. Contudo, tudo na vida que vem em excesso é prejudicial. E com a Infobesidade ou sobrecarga de informações não e diferente. Mas afinal de contas o que é Infobesidade?
A Infobesidade refere-se à situação em que as pessoas consomem uma quantidade excessiva de informações diariamente, muitas vezes desnecessárias, levando ao estresse mental e à dificuldade de processamento cognitivo.
Imagine estar em um buffet com infinitas opções de comida: embora a variedade seja tentadora, consumir tudo pode causar desconforto físico. Da mesma forma, nosso cérebro não foi projetado para lidar com o fluxo incessante de notícias, e-mails, redes sociais e outras fontes de dados que recebemos diariamente.
De acordo com um estudo publicado em 2021 pelo “Journal of Cognitive Neuroscience”, liderado por pesquisadores como Sarah J. Banks e Michael W. Cole, a sobrecarga informativa afeta diretamente áreas do cérebro responsáveis pelo controle executivo, como o córtex pré-frontal.
Essa região é crucial para funções como tomada de decisões, foco e memória de trabalho. Quando sobrecarregados, esses processos começam a falhar, resultando em dificuldades para priorizar tarefas, retenção de informações importantes e até mesmo no aumento do estresse emocional.
Além disso, outro estudo conduzido em 2022 pela equipe de Anna Lembke, professora de psiquiatria da Universidade de Stanford, revelou que a exposição constante a informações fragmentadas pode levar a alterações na dopamina cerebral, o neurotransmissor associado ao prazer e à motivação. Isso cria um ciclo vicioso, onde as pessoas buscam continuamente novas informações para obter pequenas doses de satisfação, mas acabam se sentindo ainda mais esgotadas.
Por Que precisamos falar da Infobesidade?
Já viu a infinidade de casos de burnout, diagnósticos errados de TDHA e autismo? Muitas vezes eles são resultado de estafa mental. É por isso tão importante falar sobre Infobesidade , pois ela está diretamente ligada à maneira como vivemos atualmente.
Estima-se que, em média, uma pessoa recebe cerca de 34 gigabytes de informações por dia — o equivalente a assistir mais de 100 filmes simultaneamente! Com tantos dados competindo por nossa atenção, torna-se praticamente impossível filtrar o que realmente importa.
Um dos maiores desafios da Infobesidade é que ela não possui limites claros. Diferentemente de outros problemas relacionados ao estilo de vida, como má alimentação ou sedentarismo, a sobrecarga de informações é invisível e insidiosa. Muitas vezes, só percebemos seus efeitos quando já estamos sofrendo com sintomas como ansiedade, dificuldade para dormir e burnout.
Além disso, a Infobesidade contribui para a disseminação de desinformação. Em um ambiente saturado de dados, fica difícil distinguir entre fontes confiáveis e falsas narrativas. Isso não apenas compromete a qualidade das decisões individuais, mas também amplifica crises sociais e políticas globais.
Impactos da Infobesidade no cérebro
Os impactos da sobrecarga de informação quando falamos de cérebro vão muito além do simples cansaço mental. Na verdade, eles afetam profundamente a estrutura e o funcionamento dele.
O córtex pré-frontal sofre tanta sobrecarga quando exposto a grandes volumes de informações que desliga outras áreas responsáveis por habilidades como planejamento e organização, entra em colapso, dificultando a execução de tarefas diárias.
Outro aspecto preocupante é o impacto no sistema límbico, que regula emoções e respostas ao estresse. Quando somos bombardeados por informações constantemente, o corpo libera altos níveis de cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”. Isso pode levar a problemas como insônia, depressão e até mesmo doenças cardiovasculares a longo prazo.
Como Combater a Infobesidade?
Embora a Infobesidade seja um desafio significativo, existem estratégias eficazes para combatê-la. Uma delas é a prática de “dieta informacional”, ou seja, limitar o consumo de informações desnecessárias e priorizar fontes confiáveis.
Desligar notificações de aplicativos, estabelecer horários específicos para verificar e-mails e redes sociais, e reservar momentos do dia para atividades offline são passos simples, mas poderosos.
Técnicas de meditação também podem ajudar a reduzir o estresse associado à sobrecarga de informações. Ao treinar a mente para focar no presente, conseguimos criar um filtro mental que nos protege contra distrações desnecessárias.
Além disso, é fundamental educar as pessoas sobre a importância de uma relação saudável com a tecnologia. Instituições educacionais e empresas podem desempenhar um papel crucial ao promover workshops e campanhas de conscientização sobre os riscos da Infobesidade.
A Infobesidade é um problema moderno que reflete a complexidade do mundo digital em que vivemos. Embora a abundância de informações possa parecer benéfica à primeira vista, sua sobrecarga traz sérios riscos para a saúde mental e cognitiva, especialmente para o cérebro.
Portanto, é essencial adotarmos medidas proativas para gerenciar melhor o fluxo de informações em nossas vidas. Ao fazer isso, não apenas protegemos nossa saúde mental, mas também garantimos que possamos aproveitar os benefícios da era digital sem sucumbir aos seus perigos de um futuro com demência ou outras patologias.
Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia
https://portal.trt23.jus.br/portal/radioagência-trt/infobesidade-maria-augusta-ribeiro
https://belicosa.com.br/era-da-infobesidade/