Uma vez conectados, eternamente juntos. Se não tem amizades assim, deveria se perguntar como a internet transformou nossas relações em ambientes digitalizados para a vida toda. A provocação faz sentido quando questionamos se a privacidade digital é somente direito ou uma necessidade atual.

As inovações tecnológica mudaram a realidade social do físico para o digital. Se você acredita que, porque não tem Facebook, e-mail ou não se adaptou ao whatsapp não está online, se engana. Mesmo quem diga que não tem um único vestígio seu na internet, basta solicitar a alguém que pesquise seu nome completo no Google e verá que a privacidade hoje em dia é algo que nos expõe.

Um estudo realizado pela Kantar mostrou que 90% dos jovens no Brasil se preocupam com seus dados circulando na internet e entendem como necessidade a privacidade online. Já os mais maduros abraçaram a ideia de que estar conectados , mas na grande maioria acreditam que todo mundo vai ser hackeado um dia e seus dados não são tão impenetráveis que mereçam tanta segurança.

A chamada privacidade digital é nada mais que a habilidade em controlar a exposição, reserva de informações e dados pessoais na internet, e isso não é brincadeira.

Já parou para pensar que, toda vez que faz uma publicação em rede social com geolocalização, é um dado seu exposto? Ou uma compra online? Quem sabe quando aceita os termos de uso de um site que amanhã pode usar uma foto sua na campanha publicitária dele sem a sua devida indenização? Se você acha que não aceitou isso tudo, atenção, aceitou simmmmm! Ou vai dizer que leu todo o contrato que o Facebook te mandou quando criou a sua conta e clickou no “aceito”.

O tema privacidade digital nos coloca em check, onde achamos que, escondendo nossas identidades e senhas, estaremos anônimos e a salvo de qualquer perigo.

As celebridades são as mais atingidas, e desejam que sua vida privada seja apenas física. Recentemente o Uber espionava todos os lugares que Beyonce ia. Como? Do mesmo jeito que pode fazer com você… Usando o número de serie do seu smartphone que é escancarado para quem quiser ver.

O Brasil é bem avançado nas punições quanto aos crimes cibernéticos, e a ONU tem uma relatoria especial sobre o direito à privacidade na era digital. Mas a reflexão proposta não é em razão dos outros, e sim da gente. Somos nós que estamos nos expondo nas rede sociais, descuidando da nossa geolocalização e deixando rastros que permitem qualquer um tirar vantagem.

Ok, Belicosa, então acredita que a privacidade digital é uma necessidade? Sim. Mesmo para alguém que trabalha com observação dos dados produzidos pelo nosso comportamento em ambiente virtual, a primeira coisa que pesquisadores na área fazem ao pesquisar um grupo é pedir permissão para estar ali e não simplesmente coletar dados e usa-los como quiser.

A recorrência do tema em Holliwood é gigantesca, e filmes como “Invasão de privacidade”, “Hackers”, “Whoami”, “Operação Takedown” e “o Círculo”, ainda sem data par estrear, fazem críticas à falta de limite entre o público e o privado, e como estamos sujeitos a sequestros de dados, estupros e à falta de segurança como um todo.

A ideia de se pensar na necessidade de cautela em tempos de conexão 24h é como podemos nos prevenir e como podemos educar a todos para usufruir dos benefícios da internet sem a exposição da privacidade.

Ensinar seus filhos que o sistema de geolocalização é algo que deve ficar desligado nos smartphones, que redes sociais não devem conter nudes de forma nenhuma, e que o ideal é não colocar nada na internet que você não queira que seja visto, são dicas poderosas para quem deseja um ambiente digital mais consciente e seguro.

Por: Maria Augusta Ribeiro. Profissional da informação, especialista em Netnografia e Comportamento Digital – Belicosa.com.br.

 







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