A sociedade está conectada o tempo todo. Porém, estudos sugerem que isso não é tão saudável assim. E crianças e jovens que interagem nas redes sociais pelo menos uma hora por dia estão mais propensos a serem pessoas cada vez mais infelizes diante da tirania da felicidade digital.

Já reparou como todo mundo é sarado, feliz e rico no Instagram? Ou publica apenas conteúdo bacanas no Facebook? E quem dirá os mega currículos no Linkedin?

As redes sociais criam uma bolha em torno de nós que expõe apenas o que desejamos ser, e não o que a  realidade oferece.

FelicidadeO pronunciamento de Mark Zuckerberg de que as redes sociais podem causar danos à saúde, polarizar informação e não estimular a democracia deixou muita gente desconfiada, e confirma o que estudiosos vêm constatando há tempos. Sim, elas tem o poder de  causar danos, em excesso.

Um deles foi confirmado pelo estudo mais recente sobre o tema. E pasmem! Segundo  especialistas da Universidade de Sheffield, nos U.S.A., crianças e jovens que passam mais de uma hora por dia em qualquer rede social têm 14% de chances de serem infelizes.


A ideia de se comparar o tempo todo é prejudicial para um adulto. Agora, imagine para quem tem 11 anos? Nunca se viu tanta cirurgia plástica, Botox e tratamentos direcionados para adolescentes em razão de se ter peles perfeitas como a de perfis retocados no Instagram.

Cada vez mais, meninas aceitam menos o corpo que têm, pois ficam idealizando um corpo via fotos com filtros, correções e photoshop, publicadas em perfis muitas vezes de pessoas que trabalham com o físico e a dieta extrema.

Além disso, o estudo comprovou que, ao se aceitar menos a realidade, crianças e jovens estão sujeitos ao cyberbullyng com mais frequência, unicamente porque não conseguem bloquear os perfis de quem os agride.

Principalmente as plataformas de fotos e vídeos, acabam por disseminar a idealização de  uma realidade que não existe. E pessoas em fotos super produzidas, com padrões de beleza cada vez mais inatingíveis e cenários cada vez mais exclusivos, têm um impacto na percepção de felicidade dos mais jovens.

A comparação com perfis irreais do cotidiano vivido por uma criança ou jovem é capaz de desencadear comportamentos de insatisfação para a vida toda, onde sempre irão se comparar a algo distorcido da realidade que vivem.

Outro fator prejudicial é que esta comparação será feita em seus relacionamentos, com sua equipe de trabalho, e impactará em líderes futuros, super motivados e bem-sucedidos, mas que jamais serão capazes de reconhecer suas fraquezas, recompensar sua equipe, e nem estabelecer afeto.

FelicidadeA obrigação de ser positivo o tempo todo nas redes sociais talvez não cause impacto nas pessoas com valores morais bem estruturados, e amparados por crenças familiares consolidadas. Mas, onde há indivíduos em formação, isso não está totalmente desenvolvido, pode proporcionar uma vida pautada nas experiências alheias, sentimentos depressivos e infelicidade o tempo todo.

Isso não significa que as redes sociais são responsáveis por criar pessoas deprimidas. Porque qualquer diagnostico psíquico é tarefa para um médico. Mas a ideia de que a tecnologia é responsável pela criação de seus filhos está começando a ter a resposta que todos não queriam. Sim, ela pode ser prejudicial para seu filho se você não educá-lo a usar a internet com moderação.

Sou responsável por apavorar meus leitores e amigos a cada estudo que observo. Mas, deveríamos estar em alerta constante sobre como estamos estruturando a sociedade que desejamos amanhã. Se pais, educadores e nós, como sociedade, não começarmos a aceitar a responsabilidade pela nossa atividade online, iremos sempre culpar a tecnologia pelos resultados desastrosos dessas nossas escolhas.

A tirania da felicidade digital é o resultado do nosso comportamento nas redes sociais, barrando, assim, o desenvolvimento de crianças e jovens que não estarão preparados para lidar com a rejeição ou com o cotidiano, e, assim, deixamos de preparar pessoas emocionalmente fortes para a uma vida que pode ser humilde, mas que pode ser feliz e fazer todo o sentido.

Aos pais e educadores o alerta é em código vermelho, se me entendem… É melhor começar a estabelecer experiências em conjunto com seus filhos e alunos para proporcionar conexão, inovação e troca de experiências, do que serem responsabilizados pela falta de equilíbrio no uso das tecnologias.

Por: Maria Augusta Ribeiro. Profissional da informação, especialista em Netnografia e Comportamento Digital –  Belicosa.com.br

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