Atire a primeira pedra quem nunca pegou o smartphone para tirar umaselfie. Entretanto, aparentemente inofensivo, pode se tornar vício, com necessidade de tratamento.

Recentemente o site mídia news publicou uma entrevista comigo, uma honra!

Pois quando vejo que todos nós ainda estamos tentando dirigir a velocidade que o digital nos provoca, as pessoas começam a  olhar de um jeito menos torto sobre os tantos alertas que disparo sobre os impactos do excesso do virtual em nossas vidas. Aqui falamos de vicio em selfies e outros temas.

 

Segue na integra o nosso bate papo:

“As pessoas podem se viciar em selfie. O vício em selfie é uma doença, é uma patologia médica, em que um psiquiatra faz o diagnóstico”, afirma Maria Augusta. Os cliques incontroláveis de si mesmos ainda podem revelar uma personalidade solitária, e até a falta de estrutura familiar, segundo ela.

Em entrevista exclsuiva ao MidiaNews, a especialista fala ainda sobre as “fake news”, assédio sexual pela internet e  consumo nas rede.

Confira os principais trechos da entrevista:

Alair Ribeiro/MidiaNews

Maria Augusta Ribeiro

Maria Augusta diz que pais devem acompanhar, e não reprimir, o uso das tecnologias dentro de casa

MidiaNews – Nesta semana, tivemos em Cuiabá um episódio de uma estudante de 14 anos supostamente assediada pelo personal trainer, e o caso de outra, de 19 anos, que teria sido aliciada por uma quadrilha de exploração sexual de mulheres.  A internet deixa as pessoas mais vulneráveis a esse tipo de situação?

Maria Augusta Ribeiro – Uma vez expostos à internet, eternamente estaremos. Todo mundo está exposto de alguma forma. Existe um limiar pequeno entre um crime, uma patologia e um comportamento.

Vou dar um exemplo: você não abre a porta da sua casa para um estranho. Mas a foto de uma moça bonita, de um rapaz atraente na internet, faz você aceitar uma conversa. E essa pessoa, de repente, pode ser de uma quadrilha. Acredito que a internet deixou as coisas mais práticas para a gente e também para quem não é bacana ter acesso a nós.

MidiaNews – E por que tanto assédio nas redes sociais?

Maria Augusta Ribeiro – Hoje, há um dado assustador da ONU [Organização das Nações Unidas] que diz que aquela uma hora antes de você dormir, que você empresta o telefone celular a um filho de 0 a 11 anos, eleva em 78% a possibilidade dessa criança ser exposta a um crime, como pedofilia, assédio e abuso sexual.

E a culpa disso não pode ser atribuída a um comportamento ruim dos pais, mas sim à facilidade que a internet dá para esse tipo de pessoa invadir a privacidade da outra. Esse dado é relativo a pessoas que tenham acesso a internet, independente do que quer que seja: computador, telefone…

MidiaNews – Como especialista no comportamento no ambiente virtual, o que a senhora indica para os pais de crianças e adolescentes, diante de tanta informação sobre sexo na rede?

 

Maria Augusta Ribeiro – A proibição não é legal, o que é legal é o acompanhamento. E esse acompanhamento não deve ser considerado um monitoramento do tipo “eu estou verificando o que você está fazendo de errado”. Às vezes acontece de crianças e jovens trazerem informações relevantes para nós, de redes sociais, de sites,  e novas tecnologias.

Eu tenho uma colega que tem um comportamento muito bacana. Ela atribui 15 minutos diários aos filhos, que são crianças de até 6 anos. Naqueles 15 minutos depois da escola e dos deveres, há uma experiência de ambos. O que os filhos querem fazer, ela faz junto, interagindo dentro desse universo e dizendo: “Olha, isso que você está acessando acho que não é legal, Vamos tentar outra coisa?”. Ela acompanha, troca experiência, mas não fica proibitivo. Isso só vai moldando os valores e a educação dos filhos.

MidiaNews – A tecnologia e a internet contribuem para a despertar mais cedo a sexualidade da criança?

 

Maria Augusta Ribeiro – Não. Hoje, alguns especialistas dizem que o acesso à informação – e aí não é só a internet – contribui para a precocidade dos jovens. Hoje, uma criança de 11 anos já é considerada jovem. Porque consegue fazer reflexões, consegue conversar sobre assuntos que há 20 anos não conseguia, [porque] tinha o comportamento mais infantilizado.

O que a internet fez por nós é que ela nos colocou no mesmo nível. Então, não existe mais o pedófilo, que está muito distante, ou o dono de uma megaempresa, ou eu, ou você. Estamos todos no mesmo lugar.

Isso tem o lado ruim, mas tem o lado bom. O lado bom é que a gente consegue ter mais informação, conseguimos gerar mais conhecimento. Você consegue contratar um profissional que, talvez, se fosse no ambiente físico, não conseguiria por morar em outra cidade. Você consegue receber dados do mundo inteiro. E isso é Genial.

Às vezes a gente está tão envolvido com abusos da internet que nos esquecemos das boas praticas.

MidiaNews – Por que, mesmo sabendo do risco de suas fotos vazarem, muitos jovens ainda enviam os chamados “nudes” para pessoas que elas, às vezes, nem conhecem pessoalmente?

 

Maria Augusta Ribeiro – A gente tem que ter um distinção bem rígida para dois tipos de comportamento. Um é o jovem que faz isso, porque jovem bobagens e que talvez a gente não consiga explicar. E o outro é um crime.

A partir do momento em que ele é um crime ou apenas um comportamento inadequado? O que é crime, abuso e assédio, as pessoas têm como provar. Vão à Justiça e resolvem isso lá. Outro ponto é você difamar alguém na internet por conta de um comportamento inadequado ou julgamento.

O que a gente vê hoje é que o jovem, em específico, não tem mais medo de se expor. Por que daqui uma semana ou duas não será mais notícia.  e um rude não terá mais importância. O que a minha geração não faz, a nova faz, e às vezes os jovens não dão tanta importância ao corpo, porque temos muita informação sexualizada na internet.

E essa informação sexualizada é o quê? É que a menina precisa ser mais fitness, que o corpo bonito é o sarado. Aqui no Brasil a gente se toca mais, a gente é mais afetuoso. Então tudo isso pode ajudar em comportamentos que não são tão legais. E serem confundidos com condutas de crimes e patologias.

MidiaNews –  Esse excesso de exposição é algo que veio com a internet ou já existia e a internet apenas o aflorou?

 

Maria Augusta Ribeiro –  Isso já existia e hoje só temos informação de que acontece, porque a internet amplifica essa informação. As pessoas me perguntam muito a respeito da tecnologia. A tecnologia é ótima, mas é errado atribuir a ela a culpa de um comportamento seu.

Atribuímos o problema da tecnologia ao acesso a internet, mas não ao seu comportamento abusivo na internet. Ou que você ficou muito tempo exposto. Ou que você deixou o filho muito tempo exposto…

MidiaNews – Há um consenso sobre a quantidade de tempo adequada em que um adulto e uma criança podem ficar expostos à tecnologia?

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

Maria Augusta Ribeiro

Especialista diz que não há um consenso sobre o tempo ideal para uso das tecnologias sem prejuízos à saúde

Maria Augusta Ribeiro – Não. Existem pesquisadores que são muitos radicais e dizem que a exposição à bateria é prejudicial ao nosso cérebro. Há probabilidade de desenvolvermos déficit de atenção, dificuldade de ser alfabetizada.

Eles dizem que o ideal é que, até dois anos, a criança não seja exposta a nenhuma tecnologia. E isso inclui controle remoto, telefone, TV… E de dois a 11 anos, um hora por dia.

É obvio que isso não é observado em lugar nenhum do mundo. E a gente vai ter sim consequências disso. Podem ser crianças e jovens que vão ter problemas de socialização, problemas oculares, obesidade, déficit de atenção…

E uma quantidade de gente na sociedade futura com nomofobia, que é o uso excessivo da tecnologia. Nela, quando a pessoa é privada de usar a tecnologia,  tem ansiedade, sudorese e até taquicardia.

 

MidiaNews – Já há tratamento?

 

Maria Augusta Ribeiro – Sim. E é isso é muito sério. Existem empresas, escolas e departamentos detox que já realizam tratamento. Aqui no Brasil o mais desenvolvido é o Hospital das Clínicas (SP), que tem um andar inteiro para tratar vício de internet. E nós estamos falando em vícios que vai alem do games.

MidiaNews – Como a pessoa percebe que já está viciada e se excedendo no uso de internet?

 

Maria Augusta Ribeiro – Vício é uma doença, não há controle. Eu não consigo estabelecer quando eu usei demais ou se usei de mais. Quando me droguei demais ou me droguei de menos. Mas para o excesso do uso, vale o bom senso.

Uma pessoa que trabalha com a internet é uma coisa, uma pessoa que usa para entretenimento é outra. Se ficar o dia inteiro na frente da TV, isso vai trazer um malefício para minha vida? É a mesma coisa para internet. Ficar o dia todo também não vai ser legal.

O que as pessoas às vezes colocam como bom senso para crianças até 11 anos são duas horas por dia. Eu vejo muitos pais cortarem o acesso à internet da criança e deixando elas usarem apenas em uma determinada hora do dia. Assim, a criança não se sente desmerecida, Mas será que é o ideal?

na maioria o que vemos é que não existe um controle, e nós estamos falando de comportamento. O seu valor, o que você aprende de bom e ruim, o que pode o que não pode, o certo e o errado, parece nao existir nesse ambiente phigital de hoje.

 

E quando se tem um excesso, há uma consequência. Exemplos de crianças que nao conseguem distinguir realidade do virtual, Que em um ano enxerga perfeitamente e  no outro desenvolve  5 graus causados por exposição demais à tecnologia. Disso os pais são os principais culpados e precisam colocar na balança que estão dispostos a pagar esse preço.

Então, o bom senso nunca é demais.

 

MidiaNews – Os pedófilos parecem ter encontrado, na internet – especialmente na chamada “deep web” –, o ambiente perfeito para satisfazer seus desejos. Como a senhora vê esse fenômeno?

 

O que a internet fez por nós é que ela nos colocou no mesmo nível. Não existe mais o pedófilo, que está muito distante. Estamos todos no mesmo lugar, e a gente consegue ter acesso a essas pessoas elas a nós.

Maria Augusta Ribeiro – Eu tenho muita preocupação com relação à pedofilia porque ela é uma doença. É alguém que é estimulado sexualmente pelo sexo infantil, que vê numa criança algo atrativo. Isso é uma patologia. A gente coloca tanto como crime a pedofilia, que às vezes acreditamos que aquilo é abuso sexual, somente. Ele é um abuso, mas tem uma patologia por trás.

O autor americano, Nicholas Kardaras que escreveu  “Glow Kids”, fala sobre o encantamento das crianças com as telas azuis. E nisso ha uma porta aberta para o assedio em determinado momento.

Ele fala do quanto é fácil para alguém que quer cometer um crime sexual abordar crianças e jovens.

A “deep web” serve para tudo.  Vender drogas, para criminosos e para a exploração de informação sigilosa. A gente fala pouco, mas não por causa da “deep web”que se pratica mais ou menos crimes.

MidiaNews – Mas, o pedófilo atua em todas as esferas da internet, não é? Não só na “deep web”…

 

Maria Augusta Ribeiro –  O que acontece com eles é que são sedutores. Eles utilizam artifícios tecnológicos, como aplicativos para criação de avatares, para chegar aonde precisam. Mas não necessariamente vao usar uma tecnologia superavançada ou usar um mega conhecimento para praticar crimes.

MidiaNews – A internet facilitou a atuação dos pedófilos?

 

Maria Augusta Ribeiro – Sem dúvida. A internet nos colocou no mesmo lugar. Então, estando no mesmo lugar, consigo acesso a você de maneira muito mais fácil.

MidiaNews – Algo bastante comum, observado no ambiente virtual, são os chamados “haters”, pessoas que destilam ódio protegidas pelo anonimato.

 

Maria Augusta Ribeiro – Especialmente no caso dos “haters”, o que vejo é que eles se blindam, como se a internet fosse uma cobertura para que eu possa fazer o que eu quiser. Porque há a facilidade de criar um perfil falso, com fotos de qualquer pessoa. Não há a necessidade de eu mostrar a cara.

E hoje temos os “boots”. Eu posso ser uma conta “hater”, com 15 mil “boots” falando a mesma coisa em muitos lugares julgando os outros sem ser uma pessoa. E isso em ano de eleição será bastantes visto.

MidiaNews – Como perceber que o prazer pela curtida nas redes sociais virou obsessão?

 

Maria Augusta Ribeiro – A curtida e o compartilhamento no meio virtual geram uma recompensa instantânea, Mas essa recompensa não é física. Vou dar um exemplo: se você fizer um bom trabalho, eu te faço um elogio. “Você é um bom profissional, fez um ótimo trabalho”. Na rede social, isso vira uma curtida. Ela não foi genuína. E isso pode, sim, confundir os mais jovens que ainda nao tiverem bons pilares de valorização.

As gerações mais velhas podem até cair em crimes na internet, ou acontecer alguma coisa com elas fora, mas elas já têm as crenças e valores estabelecidos. O jovem ainda está em formação. Se, por acaso, ele tem uma turma que comete pequenos delitos, e ele é incentivado a fazer algo errado, ele faz. Por não saber ainda muito bem o que é certo e errado. Por estar se moldando, moldando a personalidade e tentando ser aceito.

Quando falamos em curtida e compartilhamento, as redes sociais geram uma recompensa instantânea. E daqui a uma semana já não é mais suficiente.

A gente vê muitos casos em que as famílias têm problemas de comportamento, de valores e convivência, e isso afeta os jovens quando vão para internet. Eles vão buscando o reconhecimento que eles não têm em casa. Ou uma valorização que não têm no trabalho, por exemplo.

E é uma busca incansável por aquilo, que talvez um abraço, um carinho resolvessem, mas não é uma recompensa real, apenas um like.

Alair Ribeiro/MidiaNews

Maria Augusta Ribeiro

Maria Augusta alerta sobre busca constantes por curtidas e compartilhamentos nas redes sociais

 

MidiaNews – E, por ser instantânea, há a dependência dessa curtidas?

 

Maria Augusta Ribeiro – Existe. Existem alguns casos de jovens que têm vício em selfie. Eles tiram 500 fotos para usar uma, para ser aceito. Ele pode ter 500 comentários bacanas, mas um comentário negativo significa que ele não foi aceito e ele recomeça o processo.

Mas todas às vezes que a gente fala de excessos na internet e eles se tornam vícios, eles são encarados como patologias médicas. É o médico psiquiatra e o psicólogo que irão diagnosticar. Como outras doenças, não somos nós, cidadãos comuns, que iremos diagnosticar as doenças. Podemos avaliar uma conduta que não é legal para gente, mas o diagnóstico é sempre médico.

MidiaNews – E por que tanta selfie?

 

Maria Augusta Ribeiro – Ela acaba sendo uma medida de recompensa. Uma pessoa que não é valorizada em casa, no trabalho, que sofre uma violência doméstica, que vem de uma família que não a valoriza, ela acaba transferindo essa responsabilidade por mimá-la para alguém e se ilude. já que a internet não vai fazer isso por ela.

MidiaNews – Podemos dizer que o excesso de selfie pode ser um sinal de algum problema?

 

Maria Augusta Ribeiro – O vício em selfie é uma doença, é uma patologia médica, em que um psiquiatra faz o diagnóstico.

MidiaNews – Então, as pessoas podem se viciar em selfie?

Maria Augusta Ribeiro – Podem. Mas todas as patologias são diagnósticos médicos. São mais de 20 patologias causadas pelo uso excessivo da internet. Uma delas é nomofobia.

Há um documentário  Web Trash que fala a respeito de campos, que não têm conexão com internet, em que os pais levam as crianças para fazer outras coisas.

Na China que tem uma quantidade enorme de jovens, existem mais de 400 clínicas que tratam crianças e jovens com nomofobia e outras patologias caudas pelos digital. É muita gente ficando viciada ou desenvolvendo patologias por causa da internet.

MidiaNews – É importante pais e a própria pessoa ficarem atentos a esse comportamento?

 

Maria Augusta Ribeiro – Quando você pega um Instagram de alguém que tira muita selfie, o que podemos dizer de cara? Que ele tem poucos amigos, é uma pessoa solitária, reservada? Que nunca está com amigos? A selfie em especial pode nos dizer muitas coisas a respeito das pessoas. Mas  julgamentos próprios são uma coisa, mas diagnóstico do vício quem faz é o médico.

MidiaNews – Neste ano eleitoral, as atenções estão voltadas, entre outros riscos, para as chamadas “fake news”. Quem compartilha as “fakes news” faz por ignorância ou quer apenas reforçar seu ponto de vista, ainda que divulgando algo sabidamente falso?

 

Maria Augusta Ribeiro – Hoje nós temos compartimentada a ideia de “fake news”. Porque nós temos robôs, então eu codifico o meu computador para ficar disparando notícias inverídicas 24 horas na internet. Aquilo acaba se tornando uma notícia, e até as pessoas irem averiguar, ela já foi divulgada.

Esse ano existe uma empresa vindo para o Brasil chamada Cambridge Analytics, que é especialista nisso. Ela ajudou na eleição do Donald Trump. Mas temos o nosso momento vejo e ja compartilho e nao questiono ou faço a checagem para ver se aquilo procede.

 

MidiaNews – Disparar noticias falsas sobre alguém não é ilegal? Não há legislação sobre isso?

 

Maria Augusta Ribeiro – Não. Não existe uma lei dizendo que ela não pode fazer isso. Porque, como você vai provar que aquele robô que repassa a notícia falsa é da empresa? O Brasil é muito atual na questão de lei sobre a internet. Nós temos o Marco Civil da Internet, que regulamenta uma série de atividades digitais. Mas o que chamamos de neutralidade da rede não é observada nem nos Estado Unidos, que são um País super-avançado, imagine por aqui.

Nós vamos ter muitas coisas acontecendo por conta de robôs. Por exemplo, vão surgir muitos profissionais que serão contratados para fazerem um blog e falar de determinada pessoa. O outro para falar bem de um livro, por exemplo.

Nós ainda temos a “fake news” do cidadão comum. Você me manda uma notícia que não é verdade, mas você não sabe. Você leu, achou interessante, e manda para mim, que mando para ele, que manda para outra pessoa… E uma hora ela deixa de ser “fake news” porque alguém apura a informação, mas até chegar nesse momento, ela foi amplamente divulgada.

MidiaNews – A impressão que dá é que, quanto mais curiosa a notícia, mais sentido de verdade ela ganha para algumas pessoas.

 

Maria Augusta Ribeiro – Eu acredito que muitos meios de comunicação deixaram de checar a informação. Quantas vezes nós lemos o título de uma notícia e após ler a matéria nós vemos que não é bem aquilo. Ela não mentiu, mas acaba gerando um “fake news” só por conta do título.

MidiaNews – E há uma maneira de combater isso?

 

Maria Augusta Ribeiro – Existem muitos sites que funcionam para esclarecer esses casos, o próprio Google tem ferramentas para isso. Então, checar as informações que chegam até você nunca é demais.

Antigamente nós tínhamos 15 segundos para ver uma propaganda na TV. Hoje esse tempo foi reduzido para 3 segundos. Então pensa: em 3 segundos você bate o olho na notícia e sai compartilhando.

MidiaNews – E o que estaremos consumindo por estar na internet?

 

Maria Augusta Ribeira – Depende da geração que você faz parte. São as faixas etárias, ganhos, onde estão que mapeia seu consumo que agora é phigital, metade online metade fisico.Tudo isso vai determinar se eu vou consumir mais, menos, quando e o que.

MidiaNews – A nova geração vai consumir mais do que já consumimos hoje em dia?

 

O excesso [de consumo] é ruim, mas você ter acesso às coisas, não”

Maria Augusta Ribeiro – Essa geração que hoje está com 11 anos vai consumir muito mais. Essa geração que alguns chamam de Z,alpha e etc, mas ainda sem um consenso sobre os nomes. vai consumir mais pelo  acesso a informação facilitada.

Antigamente você não consumia determinado livro porque você não sabia que ele existia. Para você saber você teria que frequentar uma biblioteca, livraria ou uma pessoa que te indicasse. Hoje não, dependendo do assunto que eu pesquiso no Google, ele é oferecido para mim.

MidiaNews – Então, o consumo pela internet tende a crescer? E isso pode atrapalhar o mercado físico?

 

Maria Augusta Ribeiro – Vai, mas não vai afetar o mercado de lojas físicas. São dois públicos distintos, com realidades distintas que vão se entrelaçando e se combinando para causar conveniência e inovação ao consumidor.

A Margazine Luiza, que tem um dos maiores consumos na internet, está abrindo lojas físicas no Brasil inteiro. E muitos perguntam: não estamos em crise? Ao abrir essas lojas, ela quer o quê? Que o produto comprado pela internet chegue mais rápido a sua casa, que experimente no fisico o que pesquisa no digital.

MidiaNews – Esse consumo virtual pode resultar em prejuízo?

 

Maria Augusta Ribeiro – Eu não acredito nisso. Quando a gente fala em consumo a gente lembra de coisas palpáveis, mas a gente esquece do consumo “intangível”. Alguém pode fazer uma faculdade em outro País. Uma pessoa que não tem uma escola de inglês na cidade dela, pode fazer um curso. E isso também é consumo, e super benéfico.

É que quando falamos de consumo achamos que é o consumo desenfreado, mas na realidade tem uma exposição muito boa, e consequentemente econômica. Temos mais coisas, o comércio evolui, gera mais dinheiro e todo mundo fica legal. Eu acho que essa ciranda econômica não é ruim.

 

Midia News 

 







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Conteúdo especializado produzido por
Maria Augusta Ribeiro

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